Durante décadas, predominou o conceito de que o Autismo era uma doença psicológica, a qual se baseava na dificuldade de relacionamento entre mãe e filho e, conseqüentemente, a criança não teria um desenvolvimento normal.
Nos últimos quinze anos, aproximadamente, o conceito de Autismo mudou. Segundo a Classificação Internacional de Doenças (CID-10), publicada pela Organização Mundial de Saúde, o Autismo é uma disfunção neurológica de base orgânica, que afeta a sociabilidade, a linguagem, a capacidade lúdica e a comunicação.
Como o autista tem grave alteração de comunicação, mais especificamente no desenvolvimento de linguagem, a figura do fonoaudiólogo é imprescindível para o tratamento precoce da criança. As crianças autistas apresentam os sintomas até os três primeiros anos de idade.
O desenvolvimento da fala, nessas crianças, é lento e anormal, senão ausente, caracterizando-se pela repetição daquilo que é dito por terceiros ou pela substituição das palavras por sons mecânicos.
São sintomas freqüentes do autismo, a falta de reação a sons e à dor, assim como a incapacidade de reconhecer situações de perigo, e a repetição rítmica de certos movimentos como, por exemplo, balançar o tronco para a frente e para trás ou bater palmas.
Fonoaudióloga Ingrid Vieira em Curso de Atualização sobre Autismo
O Autismo é associado ao retardo mental em cerca de 70% dos casos, e poucos indivíduos apresentam Q.I. acima de 80.
“É uma população em que as deficiências individuais são muito diferentes. Cada paciente exige uma compreensão específica”, afirma a doutora Fernanda.
O atendimento é a longo prazo e não há critérios específicos para alta; mesmo assim, todos têm alta assistida, com retornos a cada três, seis meses ou anuais.
Há crianças que decoram calendários e anúncios de televisão, e são identificadas como Autistas, mas, na verdade, apresentam Síndrome de Asperger, que está classificada no mesmo grupo dos Autistas, em Transtornos Invasivos do Desenvolvimento ou Distúrbios Globais do Desenvolvimento. No ambulatório da UNIFESP, os Autistas com maior desenvolvimento de linguagem são encaminhados para escolas comuns ou especiais, selecionadas pelos fonoaudiólogos, durante a terapia.
Durante décadas, muitos que não foram tratados precocemente, foram diagnosticados como doentes mentais e internados em instituições fechadas. Uma das pioneiras no tratamento do autista na Fonoaudiologia é a professora doutora Fernanda Dreux Miranda Fernandes, que há cerca de 20 anos trabalha com crianças e adolescentes autistas na Universidade de São Paulo.
Fernanda Dreux foi a primeira a publicar um capítulo sobre o tratamento fonoaudiológico do autista, em 1982, no livro Distúrbios da Comunicação – estudos interdisciplinares sobre Autismo. A doutora Fernanda coordena o atendimento de 35 a 40 crianças e adolescentes, na maioria carentes, que comparecem duas vezes por semana ao Ambulatório do Curso de Fonoaudiologia da USP/São Paulo.
“É uma população em que as deficiências individuais são muito diferentes. Cada paciente exige uma compreensão específica”, afirma a doutora Fernanda.
O atendimento é a longo prazo e não há critérios específicos para alta; mesmo assim, todos têm alta assistida, com retornos a cada três, seis meses ou anuais.
“O tratamento fonoaudiológico supera todas as expectativas da literatura internacional, de que as crianças devem falar até os seis anos ou, então, não falarão.” Entre seus pacientes, há um adolescente que começou a falar com 13 anos, após nove anos de terapia fonoaudiológica.
A terapia fonoaudiológica deve contar com o envolvimento da família, especialmente da mãe, para a melhora da criança. Há crianças que decoram calendários e anúncios de televisão, e são identificadas como Autistas, mas, na verdade, apresentam Síndrome de Asperger, que está classificada no mesmo grupo dos Autistas, em Transtornos Invasivos do Desenvolvimento ou Distúrbios Globais do Desenvolvimento. No ambulatório da UNIFESP, os Autistas com maior desenvolvimento de linguagem são encaminhados para escolas comuns ou especiais, selecionadas pelos fonoaudiólogos, durante a terapia.
Os profissionais acompanham o desenvolvimento dessas crianças nas instituições de ensino, com o objetivo de potencializar as condições de desenvolvimento da criança. Por isso a interação entre os professores, pais e fonoaudiólogo é fundamental para o tratamento. O ambulatório criou um grupo de apoio às famílias de Autistas, além de contar com a presença deles na terapia.
Segundo o neurologista Wanderley Manoel Domingues, que atua com Autistas há pelo menos 33 anos, é importante que o Autista seja assistido por uma equipe multidisciplinar.
“Se a criança Autista não tiver atendimento precoce, evolui para deficiência mental, por falta de estimulação”, alerta o neurologista.
Hoje com o novo conceito de que o Autismo é uma doença de disfunção neurológica orgânica, identificada através da neuro imagem, por estudos anatomo-patológicos, pela ressonância magnética funcional e outros, a maioria dos Autistas são tratados com medicamentos, afirma Wanderley.
Esses medicamentos tratam as complicações, como: convulsões, distúrbios do sono, agitação psicomotora, crises de alta e baixa agressividade, impulsividade elevada, dispersão etc.
“Os medicamentos existentes facilitam o tratamento fonoaudiológico e de outros profissionais da equipe multidisciplinar”, destaca o neurologista.
“Uma sociedade só é civilizada, quando cuida de seus frágeis”, conclui Wanderley Domingues.
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